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domingo, 23 de maio de 2010


Adolescência

8
Eu tinha muitos planos quando era mais jovem.
Aos 11 anos, acreditava que na 5ª série, eu viraria gente e as pessoas passariam a me respeitar.
Foi exatamente o contrário. Cheguei na famosa 5ª série acompanhada de cadernos das Princesas Disney e 'Marias-Chiquinhas' nos cabelos. O que eu levei foi um baita 'NÃO' dos populares {(oi?) eu simplesmente perdi o momento em que eles se tornaram populares ou o quê?}e percebi claramente que eu não me enquadrava naquele "padrão" necessário para ser amiga das meninas e  meninos (ditos) mais bonitos da escola.
Quase não me importei. Hoje, revendo os fatos, vejo claramente o quão admirável era aquele eu de 11 ou 12 anos, que basicamente não se importava. Naquela época, eu aceitei o meu  'não' e toquei a minha vida. Mas até qual ponto?
Passando daquela fase, encontrei outros meios de me fazer presente. Conheci pessoas quase inesquecíveis, e fiz amizades que na minha cabeça, durariam para sempre. Depositei minhas jovens afinidades emocionais em muitos daqueles que cruzaram o meu caminho e me proporcionaram momentos evidentemente felizes, inusitados, risonhos e cheio de dúvidas, curiosidades e fantasias. Mas essas pessoas também foram embora.
Passou, quase me esqueci deles.
Começou tudo de novo.
Uma nova fase. Novos amigos, novos momentos, novas razões para sorrir. Uma evolução mental, ou um retrocesso, quem sabe? Sim, fui a festas de 15 anos, e escolhia delicadamente a roupa que usaria nelas. Saía aos sábados com as amigas para comer no 'Ed Bugger' e depois ir ao cinema, no Diamond Mall. Tirava fotos no espelho, arrumava o cabelo e tentava seguir, à minha maneira, as tendências da 'moda'. Não era proposital. Eu me sentia verdadeiramente incluída naquilo que eu chamava de 'grupo', e sim, eu realmente era incluída.
Foram inúmeras juras de amor eterno. Inúmeras frases programadas de 'você é para sempre e eu nunca te esquecerei'. E eu acreditava de verdade. Aquele circo colorido duraria para sempre, dentro do meu coração.
De repente, uma nova mudança.
Tudo novamente, um novo recomeço. Um recomeço com um peso muito maior, e eu sentia o peso do mundo nos meus braços. Tentei lidar com as coisas à minha maneira, mas à medida que percebia que nada adiantava, deixei a caravela tomar seus próprios rumos, enquanto eu me enchia de comida para preencher um tal vazio que existia dentro de mim. Acho que eu sabia tão bem o motivo daquele vazio, que tinhas minhas próprias dúvidas do que ele derivado. Era tanta certeza que se tornava dúvida. Vivia de utopias e flashbacks. Meu passado me nutria, mas era tudo diferente, as coisas haviam mudado, as pessoas haviam mudado. A mudança delas me incomodava, mas eu não percebia que EU também havia mudado.
"Eu tinha quase dezesseis, ninguém me compreendia e eu não compreendia ninguém."
Tudo foi murchando.
Tudo foi ficando cinza.
A euforia foi-se embora.
Aos poucos, mas de repente.
Eu não era mais quem eu costumava ser, e corria atrás desse ser que eu era.
Não que adiantasse alguma coisa, mas eu precisava tentar. Eu ainda tinha esperanças.
Outro recomeço.
De quantos recomeços minha adolescência foi marcada? Não sei ao certo, mas se dizem que a nossa vida inteira é definida em alguns poucos dias, tenho certeza absoluta que os dias desses recomeços foram fundamentais para que eu me tornasse o que eu sou hoje.
Introspecção.
Frustração.
Medo?
Era tudo ficava mais intenso. A fé que eu botava nas poucas pessoas que eu ainda botava fé, era ainda mais intensa. Coloquei uns em um pedestal, e quando eles caíram, caí junto, com muito mais força, para fechar com chave de ouro esse período incógnito.


Trilhas. Alameda do Mico. Minha Alhures. Sonhos. Escola. Corredores. Amizades. Conversas. Festinhas Americanas. Lanchinhos. BH Shopping. Harry Potter. Scooby Doo. All Star. Retiro do Chalé. Cachoeiras. Roupas. ICQ. MSN. Blogs. Música. Rock n' Roll. Black Music. Hip Hop. Cinema. Excursões. Vila Fátima. Cartas. Bilhetes. Adesivos. Tênis. Brincos. Lágrimas. Ilusões. Utopias. Mirabolações. Erros. Sinceridades. Avril Lavigne. Pink. Evanescence. Charlie Brown Jr. CPM 22. Detonautas. Blink 182. Green Day. Good Charlotte. Foo Fighters. Tihuana. Silverchair. Hilary Duff. School of Rock. Brincos. Piercings. Orkut. Fesyas de 15 anos. Ruas. Fotos. Momentos. Gritos. Juras. Depoimentos. Verde. Amarelo. Rosa. Isolamento. Choros. Medos. Complexos. Dúvidas. Eternidades empacadas. Textos sofridos na arquibancada vazia. Despedidas. Revoluções. Complexidades. Indie Rock. Belle and Sebastian. Blasé. O grupo. Savassi. Maconhas nunca experimentadas. Noites viradas na praça da Liberdade. Bebidas, drogas, incerteza de segurança. Certeza de que aquilo não era pra mim. Ainda sinto o cheiro de cigarro de cereja.

Turbilhões. Turbilhões indefinidos. Não sei o que foi a minha adolescência, nem até onde durou.
Não sei se foi, no saldo, positiva ou negativa.
Mas sei que tudo passa. Até ela passou. E eu continuo a ter medo do tempo.

8 comentários:

Fabiano disse...

com o tempo nossos objetivos vão mudando. aos 15 meus sonhos eram diferentes dos de agora. isso é normal. no final tudo serve como aprendizado.
abraços.
fabiano

se tiver um tempo passe no meu blog.

http://blog-do-faibis.blogspot.com/

Milena Andrade disse...

Adolescência? Eu tive uma, talvez eu ainda tenha!
Olhar pra trás e lembrar de tudo o que passou pela minha vida, das pessoas, dos momentos é triste!
Não que a minha adolescência foi triste, muito pelo contrário! foi animada até demais!
Já fiz tanta coisa, tanta besteira, me diverti da maneira mais rebelde. Muito rock, muita música eletrônica, garotos, cigarros, bebidas e outras 'coisitas' a mais...
Tudo isso passou, o que me assusta agora é que o tempo está passando.

Milena Andrade disse...

Hah... meu blog pra quem tiver afim de passar lá:

Blog Mundo da Diversidade
http://mundo-da-diversidade.blogspot.com/

Flavinha Rezende disse...

Super me identifiquei!
Otimo texyo, explora e traduz tudo aquilo que você, eu e muitas outras pessoas passaram e ainda vao passar!

Parabéns linda!

Talles Azigon disse...

Mallu que linda você aos 11 aos 12 e hoje mais linda ainda

tenho um texto magnífico do Veríssimo que fala justamente sobre a perda das pessoas que amamos e que é maravilhoso, pesquisa no google
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o poema é um devaneio, uma pintura, então que bom seria se pudéssemos pintar um poema

Juan Moravagine Carneiro disse...

"Eu hoje, nõa sou o mesmo de ontem e nem vou ser o mesmo de amanhã" (K.M)

Abraço

Cris disse...

Ouu!!! Imagino qtos não se identificaram. As vezes parece que estamos em um filme antigo, onde tudo vai passando diante de nós, na queles rolos sabe? E vamos parar para nos questionar muitas, muitas, e muitas vezes...adorei o texto!!!

Variável mente disse...

Mto bom o texto!!!Tipo...Mudei demais na minha adolescência...Mas não curti mta coisa... Fui mto estudiosa... Sempre convivi com as mesmas pessoas, e ainda tenho contato com elas... Estou a pá dos meus 23 anos... E digo... Saudades da adolescência até tenho... Mas não gostaria de vivê-la novamente... O que guardo dela são fotos... E lembranças de um tempo que foi bom e, sim, mágico... Pq conheci pessoas que serã eternas em minha vida...
Parabéns pelo blog...

Se quiser dá uma visitada:
http://marajunia.blogspot.com
http://majuas.blogspot.com