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quarta-feira, 28 de julho de 2010


Os dias.

4

Por mais que eu feche os olhos e tente me concentrar em algo externo, o que vêm à minha mente é o teu reflexo. Teu reflexo de cima, de frente, de costas. As tuas costas.
Daí eu encho o pulmão para tentar dizer algo. Me nutro de energias para escrever uma poesia e vejo que é em vão. Por mais que me sobre inspiração, me falta concentração para os versos. E o que eu faço, é deixar o meu coração me guiar novamente, como sempre.
Quero aquele vento bagunçando os meus cabelos, deixando-os similares à verdadeiras palhas de aço. Nunca fui tão feliz com a aparência similar à de um leão recém banhado.
Quero aquele vento forte e tu me segurando à beira mar. Teus olhos jabuticabados encarando os meus com aquela força que fora tão sonhada diversas vezes. Aquela força capaz de me segurar com os próprios olhos. Os olhos.
Procuro seu reflexo nos espelhos, em vão. Procuro teu braço ao relento, em vão. Tudo que eu consigo segurar é o vazio, que é mais interior do que esse silencio sufocante me prende. E a dor de não ter você aqui.
Vivo em função do dia em que estarei com os teus olhos novamente. E esse dia não tardará a chegar. Não mais.