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segunda-feira, 13 de julho de 2009


Devaneios

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Não está tudo tão bem quanto poderia estar, mas você se contenta, afinal, o comodismo já faz parte da sua rotina. Claro, não há nada que se possa fazer para mudar um grão de areia, até que a aquela velha caixinha de recordações, infestada de papéis e velharias cai no chão. Que merda, você pensa, um saco ter que catar todos aqueles papéis e bolinhas de gude que saíram rolando pelo chão à fora. Então, você começa a recolher tudo, e automaticamente, aquilo que você acreditava ter esquecido vêm à sua mente, e como um tapa forte no rosto, te mostra que existem que coisas que não deixam de doer por estarem no passado. É como um filme, um longa metragem que vai passando em alta velocidade na sua cabeça, e todos aqueles sentimentos ocultos voltam à tona. É como aquelas filmagens amadoras antigas, meio desfocadas, que mostram o bebê gordo na psicininha de plástico, as crianças, ainda com vozes homogêneas brincando no jardim, a sua felicidade ao assoprar as 10 velinhas, em cima do bolo colorido. Mas para por aí, porque as câmeras filmadoras antigas já são quase relíquias de museus. Então, começa a tocar 'Summer 78' do Yann Tiersen na sua mente, e você vê sua mão direita balançando pra fora do vidro do carro, dançando com o vento, se despedindo de todas aquelas àrvores verdes, bem verdes, que enfeitam aquela estrada. As árvores e a casinha branca vão ficando para trás, e você se despede delas pelo retrovisor. Você muda de paisagem. O sol começa a brilhar agora, e você mal consegue abrir os olhos. Tudo que você escuta são gritos de crianças correndo atrás de uma bola de futebol maltrapilha. Agora, são um par de olhos que você não sabe dizer se são verdes ou azuis, que encaram os seus com ternura. Mais olhos. Dessa vez eles são castanhos, quase negros. Lacrimosos, puros e doces, o olhar mais lindo que você já presenciou na sua vida. Sorrisos. Corridas. Árvores. Chuva. Muita Chuva. Música. Empurrões. Textos. Montanhas. Uma luz que pisca, e você não sabe o que é. Porcelanas. Yann Tiersen continua tocando. E o vento fraco emabala o mar de três cores. Aquela logomarca famosa começa a aparecer, e crescer, até ficar bem grande, tomando toda a tela do cinema, ansioso. Despedidas. Despedidas que te dão lágrimas nos olhos. E tudo isso começa a dançar na sua cabeça, e você percebe que precisa fazer algo para mudar aquele grão de areia empacado. Então, uma lágrima surge, e você percebe que ainda é possível sorrir. E tudo vai ficando mais longe, mais longe... E é mais uma de tantas despedidas da sua vida. Mais longe. Você quase não escuta mais o piano de Yann. E quando o telefone toca, você é trazido de novo pro seu mundo, com aqueles papéis nas mãos e todas aquelas bolinhas de gude para catar. Bem vindo de volta à sua vida atual. Merda, você pensa, tem que arrumar toda a bagunça. Mas nem que a bagunça seja totalmente arrumada, a nova arrumação não ficará igual à antiga. Não. É impossível. Definitvamente, não.
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Esse é um dos melhores textos que eu já escrevi. Poucas vezes consegui colocar minha mente tão para fora.

2 comentários:

Poleti disse...

Ownnn que saudades de você escrevendo no meio da aula e eu perguntando o quê você tava escrevendo! *______*
Muito bom esse aí, by the way, viu?
Vc tá craque. Sempre foi craque. Tá melhorando, isso que eu quis dizer, hehehhe xD
Eu tô começando a fazer aquele site que eu tinha te falado lembra? Mas o tempo não colabora... eu acho que agora nas férias vai dar pra terminar tudo, yesss!

tá mto lindo o seu blog, viu? amey o layout ^^
bjooo!

Anônimo disse...

EU LITERALMENTE AMEI O MELHOR TEXTO QUE EU JÁ LI.
FAÇA UM BEM A HUMANIDADE, NUNCA PARE DE ESCREVER...